Bust a Groove - Playstation
Quando eu começo a pensar em coisas que marcaram, ou mesmo
que estivera sempre presente em minha vida, com toda a certeza uma dessas
coisas seria a musica. Não consigo lembrar quando ou mesmo como essa paixão
nasceu, talvez por ter pais que sempre escutavam (e escutam até hoje) musica o
dia todo, ou por estar sempre rodeado por pessoas que escutavam musica quase que
religiosamente. Não sei explicar, mais a musica sempre foi e até hoje é uma
parte bem importante da minha vida como um todo, praticamente não consigo viver
sem estar ouvindo alguma coisa.
E em 1998 no auge dos meus 15 anos de idade isso não era
diferente, escutava musica o dia inteiro e a noite também. Mas obvio que
como todo adolescente eu também era um "rebelde sem causa" (risos), e como tal não poderia escutar qualquer coisa, não, os
“Backstreet Boys” e seu mega hit “Everybody”, ou mesmo o tão famoso “É o Tchan!”
com seu hit mais que popular “A nova loira do Tchan” não faziam a minha cabeça,
apesar que tenho que admitir que quando alguma dessas dançarinas faziam alguma
participação na tão popular “banheira do Gugu” eu fazia questão de assistir,
tinha que prestigiar o trabalho das meninas né.
Mas voltando ao assunto, ou tentando voltar, eu sempre tive
uma predisposição musical ao Rock and Roll e todas as suas vertentes, ta certo,
a vertente do Heavy Metal sempre me atraiu mais, mas ainda sim escutava tudo do
gênero sem frescura. E como todo adolescente eu também tinha os meus amigos,
amigos esses que nem sempre escutavam o mesmo estilo musical que eu, óbvio, mas
que em sua grande maioria eram também apaixonados/viciados pelos videogames. E em um certo dia, em meados de 1998 eis que um amigo meu (não lembro quem) me
chama no portão de casa com um CD de jogo na mão, ele nem precisou falar, logo
que eu bati os olhos já sabia que era algo que ele tinha acabado de comprar e
estava querendo mostrar/fazer inveja para mim e os outros amigos que já
estavam em minha casa jogando algum outro jogo. Coisa que era bem corriqueira,
já que meus pais sempre foram bem sossegados quanto isso, então era mais que
normal sempre ter um grupo de amigos jogando em minha casa.
Logo que tomei em minhas mãos aquele CD já me deparo com um
nome nada normal, ou mesmo conhecido para mim ou para os outros ali presente. Era um tal de “ Bust a Groove” sei lá das quantas, olho aquela capa toda
colorida com uns personagens nada familiar e pergunto, “qual o estilo desse
jogo?”, a resposta veio mais rápido ainda, “é um jogo de dança onde você tem que
acompanhar o ritmo das musicas fazendo comandos/movimentos que vão surgindo na tela”,
pffff, nem preciso dizer qual foi a reação de todos ali presente, “nossa você jogou seu dinheiro fora nisso ai”, “o vendedor conseguiu em rolar pelo menos
1”, entre muitas outras coisas. Mas em fim, meio que a contra gosto quase
que não querendo resolvemos então tirar o jogo que estávamos jogando para
testar aquele CD e ver se pelo menos o jogo funcionava, porque para nos nada seria
ainda mais engraçado do que se além do vendedor que conseguiu achar uma alma
viva que comprasse aquele bendito jogo ainda tivesse vendido algo que nem
funcionasse.
Assim que coloco o jogo para funcionar vejo a introdução do
jogo que não era algo assim tão revolucionário, ainda mais naquela época onde
vários jogos começaram a aparecer com introduções bem marcantes. Mais em fim,
era só um jogo de dança quem liga, mas assim que entramos no menu do jogo e
começamos a ouvir o tema de fundo em quanto o narrador ia falando algumas
frases e você ia ali visualizando os personagens para ver com quem ia jogar, ali
o jogo começou a me ganhar (mesmo eu não dando o braço a torcer até então). Logo o primeiro personagem que aparece para você escolher “Heat”, já me deixou bem curioso de como seria jogar aquele jogo,
comecei a olhar os demais personagens, Frida, Strike, Hamm, Kelly, Shorty, Hiro,
Pinky, Gas-O e Kitty-N, todos com um visual bem diferente um dos outros,
deixando bem claro o estilo de dança que cada um iria apresentar. Após olhar
todos os personagens escolho o primeiro “Heat” e meu amigo dono do jogo escolhe
o mesmo para ele, o jogo passa pela tela de loading e em fim estamos na fase
onde realmente o jogo/a batalha começava.
Naquela época eu deixava os cabos da saída de som do
Playstation ligados ao meu aparelho de som, 6 caixas espalhadas por toda a sala
começaram a emitir aquela musica vibrante e ainda como se isso já não bastasse o
próprio visual da fase chamava muita atenção, onde víamos um ambiente rodeado
por espelhos que ficavam refletindo chamas/labaredas de fogo por todos os
cantos. Era tudo muito cativante mas ainda não tínhamos nem começado a jogar,
após alguns instantes em fim começamos, logo descubro como seria as mecânicas
básicas do jogo, onde apareciam alguns comandos que você deveria fazer com o
D-Pad e no momento oportuno você apertava um dos botões que também faziam parte desse comando para que seu personagem começasse a fazer os seus passos e assim
conseguir acompanhar a musica que estava tocando.
Logo no começo tive certa dificuldade, pois não conseguia
acerta o comando no momento certo e isso estava me frustrando um pouco,
enquanto que meu amigo estava conseguindo jogar muito bem. Já estava até
estranhando, mas nem precisei perguntar, porque ele logo nos revelou que ele já
tinha jogado aquele jogo antes e por isso tinha comprado, pensei comigo, "miserável veio aqui com esse jogo para conseguir se sair bem em alguma coisa". Jogamos a tarde toda aquele jogo, lembro que em um certo momento alguém
olha e comenta “olha o Dissection, ele esta gostando tanto que até fica
balançando o pé com o ritmo da musica”, e mais rápido do que uma flecha eu
respondo “lógico que não, eu só estou fazendo isso para fazer uma marcação para
eu saber o tempo certo de apertar os botões” porque afinal, eu era um “rebelde sem
causa que escutava Heavy Metal” não podia gostar daquilo (risos).
No dia seguinte não deu outra, peguei os trocados que estava
guardando para algum outro jogo e me dirijo até a banca/lojinha comprar uma
copia daquele jogo para mim. Lembro de que quando cheguei para comprar o jogo existiam
algumas outras pessoas que já estavam lá olhando outros jogos, pessoas essas
que eu conhecia ao menos de vista. Então como se eu estivesse indo comprar
drogas de algum traficante eu falo bem baixinho para que ninguém percebesse o
jogo que eu estava querendo compra “tem um Bust a Groove ai?”, porque como eu já
disse antes eu era um “rebelde sem causa” não poderia ser visto comprando tal
coisa
Passei dias, até meses jogando aquele jogo, não conseguia
parar de jogar aquilo, fiquei tão viciado que já conseguia jogar o jogo
desabilitando os comandos que eram mostrados na tela e jogava só com as musicas
de cada fase. Jogava com meus amigos sempre, e mesmo eles não conseguindo mais
me acompanhar, eles ainda assim continuavam jogando. Mais lógico que existia
alguém entre eles que era tão bom quanto eu, e quando a gente jogava era muito
legal você ver o narrador falando “yeah!” ou “that's crazy” enquanto você ia
acertando todos os comandos na hora exata, era bem empolgante.
O jogo tinha varias artimanhas para tentar fazer você ganhar
do seu oponente, como por exemplo, na hora que você ia executar algum passo, que ao
invés disso, você poderia tacar alguma coisa no seu adversário, tiros, lazer ou
até fotos eram arremessadas, fazendo com que ele errasse o passo e você ficasse na frente. Mais é óbvio que existia um meio de desviar disso e com o tempo se a
pessoal soubesse jogar nem precisava fazer isso, porque com certeza ela iria
desviar e conseguir assim mais pontos. Outra coisa também que ajudava, era que
em certo momento das musicas cada personagem fazia um solo onde se você acertasse
toda a sequencia corretamente você conseguiria assim mais pontos. mais ai é que
estava o truque, porque todos os personagens tinham sequencias secretas que não
eram mostradas durante a dança, mas que se você na hora de seu solo executasse
essa sequencia secreta ao invés da sequencia que estava sendo mostrado na tela, você conseguiria muito mais pontos e assim ficava na frente de seu adversário.
Ficar na frente do seu adversário também tinha todo o seu charme,
porque a pessoa que esta ganhando nesse jogo vê o seu personagem sendo exibido em
destaque na tela, enquanto que quem estiver perdendo já não consegue mais ver o
seu personagem, pois o jogo só vai ficar mostrando os comandos que você tem que fazer e mais nada. Fora o fato que você poderia vencer de forma normal e ir para
próxima partida ou ganhar com o direito de exibição do “Fever Time!!”, que nada
mais era que uma dança (dança da vitória) que seu personagem fazia ao fim de
uma partida caso você tivesse alcançado um numero “X” de acertos durante a
partida, e que no final das contas, isso acabava virando mais um motivo de
chacota com a pessoal que perdeu.
O jogo tinha uma fase para cada personagem, e como acontecia
com os personagens cada fase era bem diferente da outra. foram bem criativos
quando fizeram as fases para cada personagem, e uma coisa que eu achava bem
legal, era que ao desenrolar das musicas se você estivesse indo muito bem, acertando todos os movimentos a fase começava uma espécie de autodestruição. Coisas
como na fase de “Frida” que começava a chegar um furacão e ia destruindo tudo,
ou na fase de “Heat” em que todos os espelhos começavam a se quebrar, ou ainda
a fase do “Robo-Z” que era o chefe final do jogo, que você ficava em cima de um
prédio enquanto que ao lado do prédio ficava o “Robo-Z” que era um robô gigante
e que quando você começava a acertar todos os seus movimentos ele começava a interferir
no trafico de carros causando várias colisões e explosões, mais tudo isso eram
apenas interferências visuais nada que afetasse a jogabilidade do jogo.
Bust a Groove alcançou certa popularidade, era bem comum você encontrar pessoas que jogavam esse jogo e até mesmo entre o publico feminino você sempre encontrava varias meninas que gostavam de jogar esse jogo. O jogo foi
desenvolvido pela “989 Studios” e distribuído pela “Enix” que lançou o jogo
exclusivamente para plataforma Playstation, mas algum tempo depois o jogo veio
a receber uma versão para Arcade feito pela “Namco”. O jogo no Japão é
conhecido como “Bust a Move” mas como já existia um título com o mesmo nome nos
EUA eles resolveram trocar para “Bust a Groove”, e no ano de 1999 o jogo viria
a receber uma sequencia “Bust a Goove 2”, mas isso já é uma outra historia para
ser contada em um outro momento.
Vídeo Gameplay
(Dissection)